quarta-feira, 28 de julho de 2010

A QUARTA PAREDE















No fundo do eu,
espectador do imaginário
e das contradições,
assisto o meu elenco
na passividade de plateia
que sou.

Figurante do que sinto
enceno os dias
na arena de coadjuvantes
que protagonizam
o sonho improvisado desta ficção.

Cômica caixa cênica
em suspensão de descrença
que o auditório não vê,
embora pense que creia.

Parede imaginária
no invisível
deste pedaço de vida
a confundir o elenco.

Palco de invasores sentimentos,
nas coxias intransitáveis da alma,
que não vêm à cena.

Mundo lúdico enredado
na rotunda da emoção.
Quarta parede a impedir o sim
quando a plateia
só enxerga o não.

Paulo Franco

2 comentários:

José Augusto De Blasiis disse...

A parede imaginária que nos separa do espetáculo é da mesma ordem da que nos separa da consciência mais profunda dos fatos da nossa vida e da vida ao nosso redor. Para as duas é necessário o exercicio diário de questionar o lugar comum e o de tentar ver nas entrelinhas da vida e dos viventes. Ver é diferente de enxergar. Somos míopes, mas um bom exercício, forçando a visão pode nos por na rota de um foco maior sobre a nossa vida e a nossa história.
Luz nestas trevas.

Cida Cotrim disse...

Lindo o seu comentário José Augusto!