segunda-feira, 27 de setembro de 2010

ESPERANÇA

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...

Mario Quintana

Um comentário:

José Augusto De Blasiis disse...

Esperança é que nem criança mesmo, dura o tempo de uma sublime infância, pois logo de desfaz na crueza da nossa realidade manipulada e escamoteada. Melhor o vôo em queda livre do alto rumo ao desconhecido do que e mesmice deste planeta incapaz de olhar com maior doçura para a nossa criança/adulto/velho/morto que atravessa a história sem se dar conta de que a esperança é acreditar que se pode, se pode fazer alguma coisa para que o vôo seja suave e não se estatele no chão frio e na calçada em que transitam os ausentes de visão e de vida, pois vida é saber que há uma possível esperança, não tão utópica, mas uma tangível e tão palpável quanto a realidade que nos cerca. Vamos viver este vôo. Voar não é só para os pássaros. Voe.