quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Poema da solidão




Rente às paredes do corpo
solidificou-se a noite
Não dela, brotou da carne
o clima alucinatório
A noite não cessará!

Roça a casa o rio mudo
que nas sombras se extravia
Na sua líquida noite
arrasta corpos translúcidos
que rolam por sobre flores.
Noturnas margens. Silêncio.
O rio me quererá.

A névoa me limita os olhos
e dissipa as ventanias.
A lua fantasmagórica
de movediço contorno
floresce nas águas fundas
A lua me acolherá.

Ferreira Gullar

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